Hepatologia Paraná

Dr. Ricardo Schmitt de Bem

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Conhecendo o Hepatologista e a Hepatologia

​O hepatologista é o profissional médico que é capacitado e habilitado para atuar na Hepatologia.

A Hepatologia é o ramo da medicina que engloba o estudo das doenças do fígado, da vesícula biliar, das vias biliares e do pâncreas.

O termo hepatologia deriva do grego: Hepar/ hepato (fígado) e logia (estudo).

Atuação

O fortalecimento da Hepatologia como especialidade foi extraordinário nos últimos anos, acompanhando o desenvolvimento tecnológico e a multiplicidade de pesquisas nas mais variadas áreas. Mas o apogeu das conquistas, assim como na cardiologia e na nefrologia, foi seguramente a realização do transplante hepático, que se tornou uma realidade clínica, uma esperança de vida a milhares de pacientes desenganados. Com a perspectiva do transplante, as condutas terapêuticas das diferentes complicações da doença hepática crônica avançada adquiriram novo enfoque.

A pluralidade e diversidade de temas dentro da área da Hepatologia faz com que já existam sub-especialidades. Em grandes serviços de Hepatologia dos Estados Unidos e Europa, os estagiários que buscam aprimorar conhecimentos, principalmente através do desenvolvimento de pesquisas científicas, precisam optar entre diferentes áreas como: hepatites virais, doenças das vias biliares, doenças auto-imunes, complicações da hipertensão portal, doenças metabólicas ou genéticas.

A hepatologia faz interface também com outras especialidades, existindo, assim, a Hepato-Patologia, a Hepatologia Pediátrica e a Cirurgia de Fígado e o Transplante Hepático. O laboratório clínico, a biologia molecular, os exames de imagem e a radiologia intervencionista constituem áreas de apoio de fundamental importância, com profissionais especificamente dedicados ao diagnóstico e tratamento de doenças hepáticas.

Doenças

Existem mais de 100 tipos de doenças diferentes que acometem o fígado.

Cada vez mais, algumas doenças hepáticas são motivo de grande preocupação de saúde pública, haja vista sua grande incidência registrada em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Hepatologia, cerca de 30 mil pessoas morrem a cada ano por doenças hepáticas, em território brasileiro.

A hepatite C acomete em torno de 1.5% da população brasileira, ou seja, algo em torno de 2 milhões de pessoas. Outras 400 mil pessoas possuem hepatite B. Certamente, a epidemia silenciosa ocasionada pela hepatite C vem assustando a todos nos últimos 20 anos. Seu índice de cronicidade varia de 60 a 80% dos casos, podendo haver evolução para cirrose e câncer. No Brasil, na América Latina e em várias estatísticas mundiais, a cirrose pelo vírus C é a causa mais frequente de transplante hepático.

Já a prevalência da doença hepática gordurosa não alcoólica gordurosa também vem aumentando em todo o mundo e está relacionada ao aumento da frequência de obesidade e de diabetes. Ela ocorre em 11 a 46% da população em geral, mas aumenta para 57,5 a 74,5% em obesos e 21 a 78% em diabéticos.

História

Uma das primeiras representações da anatomia e fisiologia do fígado foi encontrada em papiros egípcios, em cerca de 1550 a.C. Na Ilíada e na Odisséia, (no oitavo século a.C.), Homero descrevia a anatomia do fígado e o definia como um órgão vital, pois quando ferido levava à morte. O estudo do fígado progrediu na antiguidade com os filósofos pré-socráticos, a escola hipocrática e os romanos (principalmente Aulus Cornelius Celsus e Aretaeus de Cappadocia), alcançando seu máximo desenvolvimento com Galeno.

Durante a Idade Média, a hepatologia pouco se desenvolveu como muitas áreas da ciência. Os conhecimentos adquiridos por Galeno foram transmitidos integralmente até o Renascimento, praticamente sem qualquer avanço. Como em tantas outras áreas da ciência, foi a vez de Leonardo da Vinci (1452-1519) exercer sua genialidade. Da Vinci é considerado o pai da hepatologia moderna, descrevendo a anatomia do fígado no homem, com a veia porta, veias hepáticas, vasos intra-hepáticos e as vias biliares. Uma das doenças que descreveu foi a cirrose.

Desde então, a hepatologia se desenvolveu rapidamente. Se na antiguidade suspeitava-se que o fígado era o órgão responsável pela formação do sangue (e como a sede da alma e dos sentimentos), hoje temos uma idéia mais precisa da sua importância.

O fígado

O fígado é o segundo maior órgão do corpo humano, desempenhando um grande número de funções vitais à saúde do organismo. A secreção de bile é a principal função digestiva do fígado, auxiliando no processamento dos alimentos ingeridos. Além disso, o fígado é essencial na regulação do metabolismo dos carboidratos, das proteínas e dos lipídios. Outras funções incluem o armazenamento, a degradação e a excreção de substâncias do sangue, além do auxílio na regulação da hemostasia e da resposta imune.


Localização anatômica do fígado no corpo humano

Localização anatômica do fígado no corpo humano


Principais doenças relacionadas ao fígado

Veja abaixo as principais doenças relacionadas ao fígado:

ADENOMA HEPÁTICO

O que é Adenoma Hepático?

O Adenoma Hepático um tipo de tumor benigno que acomete o fígado. Pode ser originado no canal biliar ou na célula hepática. Em casos onde existem mais de 10 adenomas hepáticos no organismo, o problema é chamado de adenomatose. Apesar de serem lesões benignas, elas podem levar riscos ao paciente atingido, pois as chances de hemorragia, rotura e de tornar-se maligno para carcinoma hepatocelular, são grandes.

É possível afirmar que, aproximadamente de 90% das lesões afetam as mulheres que estão entre a 30 e 50 anos de idade, podendo ser associadas ao uso de anticoncepcionais. Já a adenomatose não é relacionada com hormônios e atinge homens e mulheres de maneira igual.

Quais são os sintomas do Adenoma Hepático?

Grande parte dos casos de adenoma hepático não apresentam sintomas e são descobertos durante exames de rotina, ou até mesmo em cirurgias. No entanto, a cada vez que as lesões aumentam, os pacientes podem sentir dores no hipocôndrio direito.

Quais são os fatores de risco?

O principal fator de risco associado a esse tipo de adenoma é o uso de contraceptivos orais. Além disso, esteroides androgênicos, diabetes e estenose hepática, podem levar ao aparecimento do tumor. Em casos de gestação, pode haver um agravamento do caso e um aumento no risco de complicações.

Como é feito o diagnóstico?

As lesões no fígado podem ser detectadas por ecografia. Por sua vez, a tomografia axial computadorizada (TAC) e a ressonância magnética nuclear (RMN) colaboram na caracterização do tumor. É importante ressaltar que, neste caso, a biópsia do fígado é controversa, e precisa ser analisada para definir o diagnóstico, assim como o risco de hemorragia no paciente.

Como tratar Adenoma Hepático

O tratamento para esse tumor é a cirurgia de ressecção hepática, que pode ser feita por via aberta ou de modo pouco invasivo – via laparoscópica. O transplante de fígado pode ser uma opção em casos de tumores irressecáveis, e em doentes com múltiplos adenomas.

Como é feito o transplante de fígado?

Em caso de doador cadáver, o fígado é retirado inteiro e preservado em soluções especiais de baixa temperatura, para ser levado ao local onde haverá o transplante. Esse tipo de cirurgia envolve suturas nas principais vias sanguíneas, que passam pelo fígado, e o restabelecimento do fluxo da bile, que é produzida no órgão e lançada no intestino.

Já em situações em que há doação intervivos, onde uma pessoa – seja parente ou amigo do paciente – se prontifica a doar parte de seu fígado, que vai se regenerar posteriormente.

Na operação, pode ser retirado até 70% do lobo esquerdo ou do lobo direito, e ser colocado no fígado doente. A técnica envolve a utilização de microcirurgia, pois os vasos sanguíneos na região são muito finos.


Adenoma Hepático

Adenoma Hepático



Adenoma Hepático

Autor: Estudo de Ressonância Nuclear Magnética
Adenoma Hepático


CIRROSE

O que é Cirrose?

A cirrose é uma doença crônica bastante comum em homens com mais de 45 anos de idade, e que também pode atingir muitas mulheres. Ela é caracterizada por formação de fibrose e nódulos no fígado, que bloqueiam e dificultam a circulação sanguínea. Desta forma, o fígado fica comprometido e não consegue desempenhar suas milhares de funções, como produzir bile e proteínas, auxiliar na manutenção dos níveis de açúcar no sangue, metabolizar o colesterol e o álcool, entre outras.

Quais são as causas da cirrose?

É importante destacar que o uso abusivo de álcool é a principal causa dessa doença. O fígado é responsável pela metabolização do álcool e, se ele for exposto a doses excessivas, pode sofrer danos em seus tecidos vitais, passando a não funcionar normalmente.

As hepatites crônicas, originadas dos vírus B e C e do uso de alguns medicamentos, assim como as hepatites autoimunes, também podem provocar a cirrose no ser humano.

O que é Hepatite B?

A hepatite B é causada pelo vírus chamado de VHB. Ao entrar no organismo, o vírus ataca as células do fígado e começa a se multiplicar, levando à inflamação do órgão. Este tipo de vírus é capaz de sobreviver no ambiente externo por diversos dias, e tem um período de incubação que dura, em média, de um a quatro meses.

O que é Hepatite C?

Transmitida pelo vírus VHC, principalmente, por meio de sangue contaminado, é uma doença viral, que pode causar a inflamação do fígado. Por não apresentar sintomas na maioria das vezes, segundo a Organização Mundial da Saúde, somente uma a cada 20 pessoas sabe que tem o problema, e apenas uma a cada 100 recebe o tratamento.

Quais são os sintomas da cirrose?

Náuseas, vômitos, fadiga, mal-estar, pele amarelada, fraqueza, perda de peso, dores no abdômen, perda de cabelo e inchaço no corpo, são alguns dos sinais de alerta da cirrose. Se o caso do paciente estiver mais avançado, pode ser que ele tenha encefalopatia hepática, varizes de esôfago, alterações renais e tumores de fígado.

Estima-se que, em aproximadamente 40% dos casos de cirrose, o paciente não possui sintomas. Ao ficar muito tempo sem saber da doença, pode ser que ao ser descoberta, ela já esteja em um estágio mais avançado.

Como é feito o diagnóstico?

A partir do histórico clínico do paciente, de exames laboratoriais e de imagem, é que se obtém o diagnóstico da doença. No entanto, pode ser que em alguns casos seja necessária a biópsia do fígado, para que seja avaliado também o desenvolvimento de um câncer no indivíduo.

O diagnóstico precoce é sempre muito importante, para que seja iniciado o tratamento o mais rapidamente possível, evitando futuras complicações ou até mesmo, um óbito.

Como tratar a cirrose?

É necessário conter o avanço da doença e acabar com o agente agressor, que pode ser o álcool e o vírus da hepatite. Com relação à dieta, o paciente precisará de uma alimentação saudável, evitando excesso de sal, frituras, carne vermelha, com refeições em pequenas porções ao longo do dia. Além disso, refrigerantes devem ser evitados, e bebidas alcoólicas cortadas por completo.

A cura da cirrose, atualmente, só é possível a partir do transplante de fígado, em que o órgão é substituído por um fígado inteiro, no caso de doador cadáver; ou por parte dele, em transplante intervivos.

É possível evitar a cirrose?

Para prevenir o surgimento da doença, deve-se evitar a ingestão de bebidas alcoólicas. Além disso, é importante o uso de preservativos nas relações sexuais, e utilizar seringas descartáveis para não ser contaminado pelo vírus das hepatites B e C.

Caso o paciente já tenha contraído o vírus da hepatite, precisa realizar o tratamento com acompanhamento médico, a fim de que o problema não leve à cirrose hepática.

A hepatite B, por exemplo, pode ser evitada a partir de vacinas que estão disponíveis para a população. Então, o ideal é que a pessoa verifique se o organismo está imunizado dessas doenças.


Fígado com aspecto cirrótico

Fígado com aspecto cirrótico


DOENÇA DE WILSON

O que é a Doença de Wilson

A Doença de Wilson é uma doença neurológica familiar e letal, acompanhada de doença hepática crônica, que conduz à cirrose. Trata-se de uma doença genética rara, que impede o metabolismo do cobre no corpo humano. O paciente com a Doença de Wilson acumula cobre no cérebro, rins, fígado e olhos, provocando uma intoxicação.

Esta doença é hereditária e só aparece aos 6 anos, quando a criança apresenta os sintomas da intoxicação pelo cobre, devido a um defeito na excreção deste metal pela bile.

Quais são os sintomas da Doença de Wilson?

As manifestações clínicas da doença, relacionadas sobretudo com o fígado e sistema nervoso central, são extremamente variáveis. As lesões hepáticas precedem em cerca de 10 anos a doença neurológica, ocorrendo, em geral, o seu diagnóstico na infância ou adolescência.

O seu espectro vai desde uma simples elevação das transaminases (assintomática) até cirrose e falência hepática fulminante. As manifestações clínicas neurológicas podem, em alguns casos, ser a forma de apresentação da doença mais frequente, surgindo aos 30 anos.

A concentração de cobre no cérebro e no fígado pode causar ainda:

Hepatite;
cirrose;
icterícia;
vômito com sangue;
fraqueza;
dificuldade de andar;
mudanças de comportamento e personalidade;
dificuldade em falar;
delírios;
confusão;
demência;
psicose;
cálculos renais;
círculos vermelhos ou castanhos no entorno dos olhos devido ao acúmulo de cobre.

Como tratar Doença de Wilson

Quando não é tratada, a doença acarreta grande sérios problemas, podendo levar ao óbito inexorável e precoce. Se diagnosticada e tratada precocemente, é possível prevenir ou reverter algumas das manifestações.

As estratégias disponíveis para o tratamento consistem na redução da absorção do cobre, a promoção da sua eliminação e, em casos extremos, o transplante do fígado.

A dieta, com restrição de alimentos ricos em cobre, não é suficiente para causar o balanço negativo do metal no organismo. Mesmo assim, devem ser evitados o marisco, frutas secas, fígado, chocolate, cogumelos, nozes, avelãs e castanhas, entre outros.

Pacientes com a Doença de Wilson não devem comer ou cozinhar em panelas de cobre.


Doença de Wilson

Autor: Anel de Kayser-Fleischer
Doença de Wilson


HEMOCROMATOSE

O que é

É uma doença hereditária, devido a uma mutação genética.

Causa

É uma doença genética autossômica recessiva, devido à mutação dos genes C282Y ou H63D. Ou seja, a pessoa nasce com a doença. Esta mutação faz com que haja um aumento da absorção de ferro pelo intestino. O excesso de ferro no corpo, principalmente no fígado, coração, pâncreas e na glândula pituitária pode causar doenças. Afeta aproximadamente 1 a cada 200 pessoas, mas a capacidade de causar doença é variável, dependendo do grau de penetrância genética.

Fatores de Risco

É uma doença genética, ou seja, não é adquirida. A pessoa nasce com esta alteração.

Incidência

Estima-se que aproximadamente 1 a cada 200 a 500 habitantes possuem hemocromatose, porém com grau de penetrância variável, ou seja, com ou sem sintomas.

Sintomas

A maioria dos pacientes atualmente são assintomáticos, devido ao diagnóstico precoce. Os sintomas geralmente aparecem após 40 anos em homens e mais tarde em mulheres. Dentre os sinais e sintomas destacam-se: alterações da função hepática (75%), fraqueza (75%), pele mais escura (70%), diabete mellitus (50%), artralgia (40%), impotência em homens (45%), alterações no eletrocardiograma (31%), hepatomegalia.

Os sintomas geralmente se iniciam aproximadamente 10 anos antes do diagnóstico. Os sintomas de cirrose (esplenomegalia, ascite, hemorragia digestiva alta, encefalopatia) são tardios. A tríade para o diagnóstico de hemocromatose é constituída de cirrose, diabetes e hiperpigmentação da pele.

Diagnóstico

O diagnóstico atualmente é realizado mais precocemente, pois estes pacientes geralmente apresentam aumento de ferritina e de índice de saturação da transferrina em exames de rotina, o que gera a suspeita para a hemocromatose.

Exames de Sangue: O exame de índice de saturação da transferrina maior que 50% em mulheres e maior que 60% em homens, pode indicar a doença. Pacientes com índice > 45% devem ser investigados para a presença de hemocromatose. A ferritina geralmente está elevada. A pesquisa genética dos genes C282Y e H63D determina o diagnóstico.

Os exames da função do fígado como o TGO e o TGP podem estar normais ou pouco elevados. Sinais laboratoriais de cirrose, como plaquetopenia, elevação de bilirrubina, coagulopatia (RNI elevado), hipoalbuminemia também podem ser encontrados.

Ecografia: Não ajuda no diagnóstico da Hemocromatose em si. Pode diagnosticar sinais de cirrose, como as alterações no parênquima do fígado, esplenomegalia e circulação colateral.

Tomografia e ou Ressonância: A tomografia e a ressonância abdominal podem demonstrar sinais de cirrose, porém não determina a causa da mesma. A ressonância de abdômen pode demonstrar, e é um bom exame para determinar o acúmulo de ferro no fígado.

Biópsia Hepática: A biópsia pode demonstrar acúmulo de ferro. Atualmente, a ressonância tem sido mais utilizada, por ser um exame menos invasivo.

Complicações

A progressão da doença pode desenvolver a cirrose, de forma gradual. A maioria dos pacientes falece de complicações da cirrose, como o hepatocarcinoma. Aproximadamente 20% dos pacientes possuem pelo menos mais uma causa além da hemocromatose para a cirrose, como esteatose hepática, doença hepática alcoólica, hepatite B ou hepatite C. O risco de vir a apresentar hepatocarcinoma é 20 a 200 vezes maior do que na população normal. Outras complicações que podem levar a óbito são cardiopatia e diabetes.

Tratamento

O tratamento se baseia na remoção e desintoxicação de todo ferro acumulado e na prevenção de novo acúmulo. A flebotomia (retirada de sangue) é a forma de tratamento mais utilizada. A flebotomia evita a progressão da doença, e também pode melhorar as complicações presentes, como a fibrose hepática, varizes de esôfago, melhora da função cardíaca. A artrite e diabete mellitus, quando presentes, geralmente não melhoram com a flebotomia.

Importante destacar, que pacientes que possuem níveis de ferritina < 500 e índice de saturação da transferrina < 60%, sem cirrose ou fibrose hepática, podem ser observados anualmente sem tratamento. Pacientes com ferritina > 500, índice de saturação de transferrina >60%, ou que estes valores vem aumentando durante o acompanhamento, ou uma ressonância demonstra o acúmulo de ferro no fígado, necessitam de flebotomia. O seu médico irá determina o número e a frequência de flebotomias necessárias.

Em alguns pacientes pode ser indicado o uso de medicações que levam a quelação do ferro, ou seja, a não absorção. Dentre este medicamentos destacam-se: deferoxamine, deferiprone e deferasirox. Pacientes com hemocromatose, e que estão sendo tratados, devem ter uma dieta balanceada, e não há necessidade de evitar alimentos que contenham ferro, mas se deve evitar suplementação de ferro. É indicado evitar o consumo do álcool, pois aumenta a incidência de doença hepática.

Prognóstico

O prognóstico em pacientes que fazem o tratamento é excelente, mesmo em pacientes com certo grau de comprometimento do fígado. Os sintomas melhoram gradualmente com o tratamento, diminuindo a chance de complicações, mesmo em pacientes cirróticos. Sem tratamento, o paciente vai a óbito, principalmente de doença no fígado. Em casos de cirrose avançada pode ser necessário um transplante.


Hemocromatose - Hiperpigmentação cutânea generalizada

Hemocromatose - Hiperpigmentação cutânea generalizada


COLANGITE ESCLEROSANTE

O que é Colangite esclerosante?

A colangite esclerosante primária (CEP) é uma doença crônica e rara, que lentamente prejudica os canais biliares. Bile é um líquido digestivo produzido pelo fígado, que viaja através dos canais biliares para a vesícula biliar e o intestino delgado, onde ajuda no metabolismo e digestão dos alimentos, gorduras e outras substâncias.

Em pacientes com esta doença, os canais biliares ficam bloqueados por inflamação, cicatrização ou fibrose. Isso faz com que a bile se acumule no fígado, onde gradualmente danifica as células hepáticas, e assim causa uma cirrose ou fibrose do fígado.

À medida que a cirrose evolui, e a quantidade de cicatrizes no órgão aumenta, o fígado lentamente perde sua capacidade de funcionar. A fibrose pode bloquear a drenagem dos canais biliares, levando à infecção da bile.

A colangite esclerosante primária (CEP) é uma doença relativamente rara, acometendo cerca de 10 a 40 pessoas em um milhão. surge preferencialmente em homens com idade média de 43 anos, mas pode surgir também em crianças.

A doença avança bem devagar, e muitos pacientes podem desenvolvê-la por anos a fio, sem qualquer tipo de sintoma. Por um bom tempo, a pessoa pode permanecer num nível estável da doença, ou gradualmente enfrentar um agravamento do caso.

Tipos de Colangite esclerosante

A colangite esclerosante pode ser primária (sem causa conhecida) ou secundária à deficiências imunológicas (congênitas nas crianças, adquiridas nos adultos com colangiopatia da AIDS) frequentemente associadas à infecções oportunistas (por exemplo, Citomegalovírus e Criptosporidium), histiocitose X, ou uso de drogas (floxuridina intra-arterial).

Tanto a primária quanto a secundária causam lesão inflamatória e fibrosante, similares nos ductos biliares. Outras causas de estenoses de ductos biliares são a coledocolitíase, a lesão ductal de origem isquêmica (no transplante de fígado), as alterações congênitas, colangiocarcinoma e as infestações parasitárias.

Sintomas da Colangite esclerosante

Muitas pessoas com colangite esclerosante primária (CEP) não apresentam sintomas, especialmente nos estágios iniciais da doença. Quando os surgem alguns sinais, os mais comuns são:
• Fadiga, cansaço;
• coceira na pele;
• icterícia, pele e olhos amarelados.

Estes sintomas podem ir e vir, mas podem piorar ao longo do tempo. À medida que a doença continua, os canais biliares podem se infectar, levando à:
• Episódios de febre;
• calafrios;
• dores abdominais.

Fatores de risco da colangite esclerosante

A colangite esclerosante (CEP) é um pouco mais comum nos homens do que nas mulheres. Geralmente, ela afeta pessoas entre 30 e 60 anos. Aproximadamente, 75% dos pacientes com CEP também apresentam doenças inflamatórias intestinais, geralmente a colite ulcerativa.

Diagnóstico da colangite esclerosante

Como muitos pacientes com colangite esclerosante primária (CEP) não apresentam sintomas, a doença é frequentemente descoberta através de resultados anormais em exames de sangue das enzimas do fígado, exames de rotina, e ainda:

Pesquisa de anticorpos;
biópsia do fígado;
colangiopancreatografia endoscópica retrógrada;
colangio-ressonância magnética.


Causas da colangite esclerosante

A causa da doença não é conhecida, mas estima-se que 70% dos pacientes são homens, e que o problema pode estar relacionado com:

Infecções bacterianas ou virais;
alterações no sistema imunológico;
fatores genéticos também podem ter certa relação.

A colangite esclerosante primária (CEP) é considerada uma doença incomum, mas estudos recentes sugerem que pode ser mais comum do que se pensava anteriormente.


Como tratar a colangite esclerosante

Não existe uma cura ou tratamento específico para a colangite esclerosante (CEP). A coceira associada à doença pode ser aliviada com medicação, e os antibióticos são usados ​​para tratar infecções do ducto biliar, quando ocorrem as inflamações.

A maioria das pessoas com colangite esclerosante (CEP) devem tomar suplementos vitamínicos. Em alguns casos, a cirurgia ou a endoscopia do ducto biliar podem ser úteis, para melhorar temporariamente o fluxo biliar.


Colangite esclerosanete - Mecanismo da doença

Colangite esclerosanete - Mecanismo da doença


ESTEATOSE HEPÁTICA

O que é Esteatose hepática?

A esteatose hepática é o acúmulo de gordura nas células do fígado, chamada também de doença gordurosa. Sem tratamento, a doença provoca uma inflamação e pode levar à cirrose hepática, com uma perda funcional do órgão. Atualmente, ela é considerada uma síndrome metabólica, com grande crescimento e novos casos relatados mundialmente.

Quando o acúmulo de gordura no fígado é prolongado, os riscos de lesão hepática são maiores, uma vez que as células podem inflamar, causando danos. A este quadro dá-se o nome de esteatohepatite não alcoólica, e trata-se de uma condição bem mais preocupante, uma vez que, aproximadamente 20% dos doentes podem evoluir para uma condição de cirrose hepática.

A esteatose hepática trata-se de um estágio anterior ao desenvolvimento da esteatohepatite e que, tal como o seu próprio nome indica, é uma hepatite provocada por excesso de gordura no fígado.

A evolução da esteatose hepática para a cirrose é facilitada pela associação com a hepatite B ou C, a colestase e doenças metabólicas ou autoimunes ou álcool.


Quais são as causas de esteatose hepática?

Na última década, os médicos identificaram outras causas para o surgimento e progresso da doença no corpo humano. Então, foi constatado que, entre uma das principais causas de esteatohepatite é o consumo de bebidas alcoólicas. Por isso, os especialistas distinguem os casos entre esteatohepatite alcoólica e esteatohepatite não alcoólica.

Além destes, outros fatores também contribuem:

Abuso de álcool;
hepatites virais;
diabetes;
sobrepeso e obesidade;
alterações dos lípides (colesterol ou triglicérides elevados);
drogas como corticoides;
causas relacionadas a determinadas operações de obesidade;
desnutrição ou rápida perda de grande quantidade de peso;
remoção da vesícula ou de partes do intestino;
gravidez.


Quais os sintomas de esteatose hepática?

Geralmente, a esteatose hepática não apresenta sintomas. Por isso, muitas vezes, o diagnóstico é feito acidentalmente, através de exames de imagem.

Entretanto, alguns pacientes com a doença se queixam de cansaço, enjoos, vômitos, dor, pele e olhos amarelados, inchaço abdominal com a sensação de peso à direita do abdômen.

Normalmente, os sintomas da esteatose hepática só se tornam evidentes quando a doença já está avançada, já que seu início é assintomático.


Como é feito o diagnóstico de esteatose hepática?

Quando o fígado está danificado pela resistência à insulina, é preciso investigar os problemas que podem ocorrer no órgão, principalmente em pacientes que estão com sobrepeso, diabetes, alterações no colesterol, hipertensos, e os que apresentam aumento da circunferência abdominal.

Pessoas com esteatose hepática apresentam alterações nas enzimas do fígado, variações essas que são detectadas nos exames de sangue e de rotina.

As análises laboratoriais servem para avaliar o grau de lesão do fígado através das chamadas enzimas hepáticas (TGO e TGP ou AST e ALT) e de outros marcadores de doença do fígado, como a gama GT. Na esteatose hepática, as enzimas do fígado estão normais, enquanto na esteatohepatite, existe o aumento das mesmas.

O médico pode detectar o aumento da gordura no fígado e a esteatose hepática no exame físico. Exames de imagem como ultrassonografia de abdômen, tomografia, ressonância magnética ou elastografia, também ajudam a chegar ao diagnóstico.

Outro sinal de esteatose hepática é o aumento do volume abdominal central, e a obesidade com o aumento do diâmetro da cintura em relação ao quadril.


Graus de esteatose hepática

O padrão ouro é pela biópsia hepática, mas pode ser estimado por outros métodos não invasivos, como a ultrassonografia de abdômen, tomografia, ressonância magnética ou elastografia. A quantidade de gordura acumulada no fígado pode ser detectada através de exames de imagem.

Os estágios da doença são:

Esteatose hepática grau 1 (leve) – quando há uma pequena acumulação de gordura;
Esteatose hepática grau 2 – quando há acumulação moderada;
Esteatose hepática grau 3 – quando há grande acumulação de gordura no fígado.

Estes estágios não têm muito peso, uma vez que o mais importante é a presença, ou não, de inflamação no fígado. O doente pode ter esteatose grau 3 e não apresentar inflamação hepática, mesmo após 20 anos de acumulação de gordura, o que o coloca sob baixo risco de evolução para cirrose.


Como tratar a esteatose hepática?

Não existe um tratamento específico para esteatose hepática, por isso o alvo devem ser os fatores de risco como diabetes, excesso de peso e colesterol alto. Isto quer dizer que a mudança de hábito é o principal tratamento para eliminar as causas da doença.

A perda de peso é, talvez, a medida mais importante. Todavia, deve-se limitar essa perda ao máximo de 1,5 kg por semana, para evitar que o quadro se agrave. A prática regular de atividade física também ajuda muito, pois diminui o colesterol e aumenta o efeito da insulina.

A esteatose hepática é uma doença reversível. Geralmente, o tratamento é multidisciplinar e envolve, além do acompanhamento médico, a orientação nutricional e atividades físicas programadas.

A terapêutica é baseada em uma dieta hipocalórica, sem frituras, gorduras e doces, e rica na ingestão de frutas, legumes, verduras e carnes magras. Medicamentos nem sempre são indicados, porque apresentam resultados controversos. Em doentes com obesidade mórbida, a cirurgia bariátrica pode ser uma opção.


É possível evitar a esteatose hepática?

O melhor jeito de prevenir a doença é não ganhar peso. O sedentarismo precisa ser deixado de lado, e o paciente ser ativo, no caso da prevenção primária. Além disso, deve-se procurar o médico e controlar as outras doenças associadas, como diabetes e dislipidemia.

Após seis meses, se a situação do fígado ainda não estiver melhor com mudanças de hábitos, como prática de exercícios físicos e dieta saudável, é preciso considerar um tratamento específico.

No caso de pessoas que já estão tentando perder peso há cinco ou dez anos, e não têm nenhum sucesso, não há porque esperar mais seis meses para iniciar um tratamento medicamentoso.


Esteatose hepática

Esteatose hepática


HEPATITE A

O que é Hepatite A?

A hepatite A trata-se de uma infecção provocada pelo vírus VHA, que entra no organismo através do aparelho digestivo e multiplica-se, causando inflamação e necrose do fígado. A transmissão do vírus é fecal-oral, através do consumo de água e de alimentos contaminados, ou diretamente de uma pessoa para outra.

A descoberta do vírus da hepatite A ocorreu na década de 70, todavia, na antiguidade, já se registavam surtos da doença, que na época era chamada de icterícia infecciosa, e apresentava epidemias frequentes em períodos de guerra e de catástrofes.

As pessoas infectadas com a hepatite A, eliminam o vírus em suas fezes de modo constante. Para ser infectado, é necessário que o vírus entre em contato com a boca.

O vírus da hepatite A é totalmente diferente do vírus da hepatite B e C. Todas possuem o mesmo nome, mas são completamente distintas. Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência nas capitais brasileiras e no Distrito Federal foi de 39,5% no ano de 2011.


Como se transmite a Hepatite A?

A hepatite A é transmitida de pessoa para pessoa, quando os alimentos estão contaminados por dejetos contendo o vírus. A disseminação do vírus também ocorre, em maior grau, em algumas regiões de países subdesenvolvidos, por conta da baixa cobertura vacinal. Crianças e adolescentes compõem o grupo dominante de infectados.

O contato oral com as fezes de outros, em um primeiro momento, pode parecer improvável, mas é muito mais comum do que se imagina. Quanto pior for a condição de higiene do meio, mais fácil será a transmissão.

Na prática, a contaminação da hepatite A acontece:

Através de refeições preparadas por pessoas que não lavam as mãos após evacuação;
num mergulho em praias ou lagoas poluídas que recebem esgoto não tratado; o vírus pode sobreviver por 6 meses nessas águas;
ao comer frutos do mar de regiões com águas poluídas e esgoto não tratado;
tocar em objetos contaminados e depois levar a mão à boca;
ter relação sexual com uma pessoa infectada, principalmente se houver sexo anal ou rotina de lamber o ânus do parceiro.

Um dos principais problemas da hepatite A, uma hepatite viral, é que o paciente contaminado começa a eliminar o vírus antes mesmo dos sintomas aparecerem.


Quais são os sintomas Hepatite A?

Geralmente, a doença é assintomática. Mas, alguns pacientes reclamam de cansaço, tortura, enjôo, vômitos, febre, dor abdominal, pele e olhos amarelados, fezes clara e urina escura.

A hepatite A se manifesta entre 15 e 40 dias após a infecção.


Como é feito o diagnóstico da Hepatite A?

Através de um exame de sangue para detectar a presença de anticorpos anti-VHA, que a equipe médica constata a existência da hepatite A, uma hepatite viral.


Como tratar a Hepatite A?

O paciente deve sempre seguir as orientações médicas. Na maioria dos casos, a hepatite A é uma doença de caráter benigno, raramente leva a pessoa à morte.

Caso o paciente já tenha uma doença hepática crônica, por outro vírus ou ingestão excessiva de bebida alcoólica, a infecção pode levar à falência hepática, conhecida por hepatite fulminante.


É possível prevenir a Hepatite A?

Para evitar o surgimento da doença, deve-se:

Melhorar as condições de saneamento e higiene;
lavar as mãos após ir ao banheiro e trocar fraldas;
colocar de molho alimentos crus, por 30 minutos, em água tratada, fervida ou clorada;
cozinhar bem mariscos, frutos do mar e carne de porco;
caso haja algum doente com hepatite A em casa, utilize hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária ao lavar o banheiro.

Para tratar a água, basta ferver ou colocar duas gotas de hipoclorito de sódio em um litro de água, 30 minutos antes de bebê-la, deixando o recipiente tampado para que o hipoclorito possa agir, tornando a água potável para o consumo.

Na ausência de hipoclorito de sódio, pode-se preparar uma solução caseira com uma colher das de sopa de água sanitária, a 2,5% (sem alvejante), diluída em um litro de água.


Vacina contra hepatite A

A vacina contra hepatite A foi introduzida no calendário infantil em 2014, para crianças de 15 meses a 5 anos. Uma é aplicada em duas doses, com intervalo de seis meses. A outra, em três doses ao longo de um semestre.


Hepatite A

Hepatite A


HEPATITE B

O que é Hepatite B?

A doença é causada pelo vírus da hepatite B, também chamado de VHB. Quando entra no organismo, o vírus ataca os hepatócitos, as células do fígado. Desta forma, passa a se multiplicar, causando a inflamação do órgão. O vírus da hepatite B pode sobreviver no ambiente externo por diversos dias.

O período de incubação dura, em média, de um a quatro meses. O indivíduo que for infectado tem a possibilidade de desenvolver a hepatite aguda, a hepatite crônica, e a hepatite fulminante, considerada a forma mais grave da doença, e que pode levar ao óbito rapidamente.

Após diversos relatos de epidemias no passado, o vírus da hepatite B – o VHB – foi descoberto em 1965, pelo ganhador do Prêmio Nobel da Medicina Baruch Blumberg. Enquanto trabalhava no “National Institutes of Health (NIH)”, Baruch descobriu o Antigênio Austrália no sangue de aborígenes australianos, que mais tarde, veio a ser conhecido como sendo o antigênio de superfície Hepatite B, ou HbsAg.


Como o vírus da Hepatite B é transmitido?

Presente no sangue, na saliva, no sêmen e nas secreções vaginais, pode ser transmitido de várias formas: via perinatal, quando a mãe passa para o feto na gravidez, durante e até mesmo depois do parto, por meio de pequenos ferimentos na pele, inclusive mucosas, e pelo uso de drogas injetáveis.

É importante destacar que, a relação sexual é um modo de transmissão bastante conhecido, pois o vírus atinge altas concentrações nas secreções sexuais. Desta forma, a hepatite B é uma doença sexualmente transmissível, tornando essencial o uso de preservativos.


Qual é a diferença entre hepatite aguda e hepatite crônica?

A hepatite aguda é aquela que persiste por um curto período de tempo. Já a hepatite crônica pode se concentrar no organismo do paciente por um longo período, podendo levar à cirrose hepática.


Quais são os sintomas?

Os sintomas da hepatite B são:

Náuseas;
vômitos;
febre;
fadiga;
mal-estar;
falta de apetite e dores no abdômen;
urina escura;
fezes mais claras e a chamada icterícia (pele amarelada).

No caso da hepatite aguda, pode ser que não cause sintomas ao paciente, ou até mesmo que os sinais passem despercebidos. A maioria dos pacientes conseguem eliminar o vírus do organismo e se curar definitivamente. Apenas em algumas situações, a doença pode tornar-se crônica.

Em alguns casos, existe a possibilidade de não haver sintomas por muitos anos. O grande problema é que os pacientes só procuram o médico em situações graves, quando os sinais de insuficiência hepática crônica começam a aparecer. Sua evolução dependerá de diversos fatores, entre eles a resposta imunológica do organismo e a replicação do vírus.


Como é feito o diagnóstico?

O médico poderá obter o diagnóstico da doença a partir de exame físico e de sangue. Em casos mais avançados, pode ser necessário fazer a biópsia do fígado do paciente para avaliação.


Quais são as formas de prevenção?

É sempre importante ressaltar que a vacina é a melhor forma para prevenir a hepatite B e evitar futuras lesões no fígado. Geralmente, são três doses distribuídas a cada 30 dias. As pessoas que precisam tomar a vacina são: recém-nascidos, crianças que não foram vacinadas depois do nascimento, indivíduos com vida sexual ativa, quem convive com pacientes com hepatite B, ou que necessitam de transfusões de sangue com frequência.

Além de todos já citados, pacientes submetidos à hemodiálise, usuários de drogas injetáveis, profissionais da área de saúde, doadores de órgãos sólidos e de medula óssea, policiais, manicures, podólogos, portadores de HIV e de imunodeficiências, vítimas de abuso sexual, população indígena, entre outros, devem se prevenir através da vacina.


Qual é o tratamento?

Em grande parte das situações, o tratamento do tipo agudo é feito para combater os sintomas da doença, e também afastar ao máximo o risco de complicações do paciente. O repouso é considerado importante nesta fase.

Por isso, caso os sinais da hepatite B comecem a surgir, o ideal é procurar um médico que possa fazer o diagnóstico da doença, indicando assim o tratamento adequado.

Para os pacientes com hepatite B crônica, pode ser que exista a necessidade de utilizar remédios que inibem a replicação do vírus, e que atuam no controle da resposta inflamatória. No entanto, somente o médico saberá qual é a melhor forma de tratar a doença.

Em casos mais avançados, se a hepatite B crônica avançar para um caso mais grave – a cirrose – e o fígado for danificado seriamente pelo vírus, o médico poderá indicar o transplante de fígado.

Além disso, a vacina da hepatite B é muito importante, e caso o paciente não pertença ao grupo de risco, o médico deverá ser consultado para verificar a possibilidade de ser vacinado, e se informar sobre a distribuição gratuita da vacina pelo Sistema Único de Saúde.


Hepatite B

Hepatite B


HEPATITE C

O que é hepatite C?

A hepatite C é uma doença viral, que pode causar a inflamação do fígado. Na maioria das vezes, não apresenta sintomas, e o paciente não percebe o problema. De acordo com a OMS, somente 1 a cada 20 pessoas sabe que tem a doença, e apenas 1 a cada 100 recebe o tratamento.

A hepatite C é descoberta, geralmente, por meio de doação de sangue ou em exames de rotina. Além disso, pode ser que os sintomas só apareçam quando a doença do fígado já está bem avançada, o que costuma ocorrer muito tempo depois.

Na década de 1970, Harvey J. Alter, junto com sua equipe de investigação, demonstrou que a maior parte de casos de hepatite, detectados depois das transfusões de sangue, não eram causados pelos vírus das hepatites A e B. Em 1987, Michael Houghton e D.W. Bradley fizeram uma nova abordagem baseada na clonagem molecular. Em 1988, a existência do vírus foi confirmada por Alter, ao verificar a sua presença numa cultura de vírus não-A e não-B. Por fim, em 1989, a descoberta do VHC foi publicada ao longo de dois artigos na revista Science.


Como o vírus da Hepatite C é transmitido?

O vírus da hepatite C é o VHC, e pode ser transmitido, principalmente, por sangue contaminado. Contato sexual, via perinatal (de mãe para filho), compartilhamento de seringas ou de instrumentos na manicure, pedicure e piercings, também são formas de transmissão da doença. Por isso, é importante verificar sempre se os objetos utilizados durante exames, ou quaisquer outros procedimentos, são descartáveis ou estão esterilizados.


Quais são os sintomas?

Na maioria das situações, a hepatite C não provoca sintomas. No entanto, seu tipo agudo pode atingir alguns pacientes e causar os seguintes sinais: náuseas, vômitos, pele amarelada, mal-estar, dores musculares, perda de peso e cansaço.

Por sua vez, a hepatite C do tipo crônico é um estágio final de doença do fígado, ocasionando a ascite – a famosa barriga d’água – e confusão mental, que indicam que o paciente já está com a doença bem avançada.

Infelizmente, esse problema só é percebido depois de certo tempo, podendo levar a casos mais graves, como cirrose, câncer de fígado e, inclusive, insuficiência hepática.


Como é feito o diagnóstico?

Para descobrir a doença, é preciso fazer, principalmente, a pesquisa de anticorpos contra o vírus VHC, conhecida como anti-VHC. Em caso positivo, o paciente precisa realizar exames complementares que indiquem a doença e esclareça o quadro. Dessa forma, o médico poderá indicar o melhor tratamento, caso seja necessário.

O Sistema Único de Saúde oferece esse teste anti-VHC, mas apenas para aqueles que pertencem ao grupo de risco. As pessoas que receberam transfusões de sangue num período anterior a 1993, precisam fazer esse teste, já que o vírus não era conhecido naquela época.


Quais são as formas de prevenção?

Não existe vacina contra a hepatite C. Uma das formas de se prevenir é a informação. Deve-se ficar atento com as formas de transmissão da doença, e procurar evitá-las. Portanto, é necessário sempre verificar durante a realização de exames, se os objetos utilizados são descartáveis ou estão esterilizados.

É fundamental também o uso de preservativos, e saber, antes de engravidar, se é portador (a) da hepatite C, para evitar o contágio do bebê. Além disso, o uso de bebidas alcoólicas deve ser evitado, pois seu consumo em excesso pode piorar o problema.


Como tratar a hepatite C?

A hepatite C é uma das poucas enfermidades crônicas que pode ser realmente curada. O índice de cura chega 90% dos casos. Ao longo do tempo, as pesquisas avançaram e incluíram-se combinações para o tratamento do VHC, que vem buscando, cada vez mais, os melhores índices no tratamento.


Hepatite C - Faça o Teste!

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HEPATITE AUTOIMUNE

O que é Hepatite Autoimune?

A Hepatite autoimune é uma doença esporádica, onde o sistema de defesa do organismo ataca as células do próprio fígado, levando à inflamação. Cientistas acreditam que a influência de fatores genéticos contribuem muito para o surgimento da doença.

Aproximadamente 70% dos indivíduos afetados pela hepatite autoimune são mulheres, a maioria entre os 15 e os 40 anos de idade. É comum portadores de hepatite autoimune apresentarem outras doenças, como tireoidite e doenças reumatológicas, por exemplo.

Essa é uma doença importante, que se não for tratada a tempo, tem chances de piorar. Considerada crônica, a hepatite autoimune pode durar anos, levando à cirrose hepática, câncer de fígado e até a insuficiência do fígado.

- Hepatite autoimune tipo 1

Costuma ocorrer entre as pessoas de 16 a 30 anos, sendo detectada pelo aparecimento de anticorpos (ex: Fan e AML) nos exames de sangue.

- Hepatite autoimune tipo 2

Atinge crianças e adolescentes dos 2 aos 14 anos, com o anticorpo LKM-1.


Quais são os sintomas da Hepatite Autoimune?

Geralmente, a hepatite autoimune é assintomática, mas alguns sinais levantam suspeitas do problema, tais como:

Fadiga;
icterícia;
fígado aumentado de tamanho;
prurido;
dor articular;
náuseas intensas;
desconforto abdominal acompanhado de dores.


Complicações da Hepatite Autoimune ?

Entre as complicações causadas pela hepatite autoimune, estão:

Acúmulo de líquidos no abdômen;
confusão mental;
ciclo menstrual alterado.


Como é feito o diagnóstico da Hepatite Autoimune?

O diagnóstico da hepatite autoimune é realizado através de exames de sangue de rotina, que analisam as enzimas hepáticas, e também por exames para detectar anticorpos antinucleares (FAN), anticorpos anti músculo liso (AML), anticorpos anti microssomos do fígado e rim (A-KLM) e biópsia hepática.


Como tratar a Hepatite Autoimune?

Com adoção de um tratamento correto caseiro, a hepatite autoimune poderá ser bem administrada, inclusive com a regressão de parte do dano ao fígado.

Deve ser mantida uma dieta controlada, com refeições equilibradas e variadas, que irão favorecer o bem estar do paciente. Fica proibido o consumo de álcool e ingestão de alimentos gordurosos e muito processados, como embutidos e salgadinhos.

Remédios que freiam o sistema imune dão resultado aos pacientes com hepatite autoimune, como os corticoides e os imunossupressores. O tratamento, que é a longo prazo, recebe controle constante para avaliar custo x benefício da medicação, e também a segurança ao paciente.

Em casos extremos, quando os tratamentos não dão resultado, a doença avança para insuficiência hepática aguda ou cirrose hepática, sendo necessário o transplante de fígado.


Hepatite Autoimune

Hepatite Autoimune


Quais médicos tratam as doenças do fígado?

Diferenças entre gastroenterologista e hepatologista


O Gastroenterologista


Gastroenterologia refere-se a um ramo da medicina que se concentra sobre o sistema digestivo, uma parte complexa e muito importante relacionada ao funcionando do corpo humano.

O sistema digestivo quebra e absorve os nutrientes dos alimentos que comemos para que eles possam ser transportados através da corrente sanguínea para as células do corpo.

É composto por órgãos como o esôfago, estômago, intestino delgado, cólon (intestino grosso) e o reto.


O Hepatologista


A especialidade, chamada hepatologia, concentra-se no estudo da digestão relacionada ao componente denominado bile, avaliando sua função e participação conjunta através do fígado, vias biliares, vesícula biliar e pâncreas.

Embora tradicionalmente considerada uma sub-especialidade de gastroenterologia, a rápida expansão levou em alguns países para médicos especializados apenas nesta área, que são chamados de hepatologistas.

O hepatologista é um médico que obteve treinamento especial em doenças do fígado. Todos os hepatologistas são treinados em geral Medicina Interna (medicina clínica do adulto) ou Pediatria (medicina clínica das crianças). Após esse treinamento inicial se dedicam ao estudo da gastroenterologia e então, finalmente, são submetidos a treinamento diferenciado em um centro especializado em anormalidades hepáticas.

Treinamento em Hepatologia é um elemento da formação em Gastroenterologia, e todos os gastroenterologistas devem ter competências básicas na gestão de doenças hepáticas. Muito apropriadamente, muitos gastroenterologistas gerais irão utilizar o tema Doenças Digestivas e do Fígado em suas listas de atribuições, marketing e divulgação telefônica.

No entanto, Hepatologia é um campo em rápida mudança (novos vírus, novos tratamentos, avanços diagnósticos, revolução tecnológica, entre outros). Para garantir o alto nível de atendimento para doenças do fígado é razoável procurar médicos que se dedicaram à disciplina de Hepatologia. Estes médicos destinam em média 80% ou mais do seu tempo ao estudo, tratamento e gestão de doenças hepáticas.

A maioria das grandes cidades têm um ou mais hepatologistas. Muitos são filiados com hospitais universitários base por causa da necessidade de atendimento multidisciplinar, sobretudo quando se trata se pacientes em avaliação para transplante de fígado. Nestes centros o hepatologista tem importante valor conjuntamente com cirurgiões hepáticos, patologistas hepatobiliares e radiologistas intervencionistas.



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Hepatologia Paraná | Dr. Ricardo Schmitt de Bem

Hepatologista | Gastroenterologista | Endoscopia Digestiva

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